domingo, 18 de janeiro de 2009

O CHAFARIZ DO LARGO



Vou hoje abordar um dos símbolos da freguesia de Brasfemes e, para tanto, cingir-me-ei a um prospecto editado pela Junta de Freguesia.

Situa-se no Largo Marcelino Ivo de Vasconcelos e é a sala de visitas da freguesia. O seu nome é o Chafariz ou Fontanário do Largo.

O fontanário ou o chafariz é um dos equipamentos principais de qualquer povoação. Não é por acaso que ele está presente no quotidiano das populações pois nele corre a vida, ou não seja a água o maior bem para as gentes, para as populações.

O fontanário é sempre construído num local central de uma povoação, ou onde passa a maior linha de água da zona ou ainda, onde existe uma nascente.

O fontanário foi o local privilegiado do encontro com a água, a água que transbordava nos cântaros de madeira, depois de barro e mais tarde de metal e plástico, que as mulheres transportavam à cabeça e enchiam os púcaros de água fresca que se bebia de uma só vez, naquela sede que só um camponês, num momento de cansaço, sabe saborear.

Era também o local por excelência da comunidade onde o encontro de namoros acontecia, da conversa fiada, do diz-que-disse, e até mesmo dos amuos e das discussões, do atirar água como forma de enamoramento, da garridice, uma maneira de encantar mais simples…

A freguesia de Brasfemes é rica em fontanários, que se situam em vários pontos da freguesia e cada localidade tem no seu local privilegiado um monumento à água.

Este fontanário tem como característica princnipal situar-se no centro da povoação de Brasfemes, sede da freguesia, no Largo Marcelino Ivo de Vasconcelos, antigo Largo das Relvas e foi construído em 1935.

O fontanário é de linhas direitas em pedra de cantaria, com a inscrição “CMC” em bronze na torre que se ergue aos céus, cercado por um tanque com a inscrição da data em que foi construído e para onde a água era derramada quando se enchiam em demasia os cântaros. Tem barras em metal debaixo das torneiras que serviam a população, onde se poisavam os cântaros, ou, como nos dias de hoje, as bacias para se lavarem as louças, após os festejos anuais nomeadamente as ‘fogueiras’, a festa em Honra do Mártir S. Sebastião e a feiras gastronómica realizada no âmbito das com
emorações do Dia da Freguesia. Os cantos do tanque são formados por colunas de linhas direitas, com base preparada para assentar o cântaro. O fontanário está assente num lajeado martelado de pedra.

Dez anos antes da inauguração, em 1925, elaborou-se um projecto de construção da fonte do povo, fornecida com água que vinha do manancial de Vale de Parmazela. Esta fonte iria ser construída no largo da antiga feira, o Largo das Relvas, passando a ser designada por ‘Fonte do Freixo’. A obra do chafariz foi dada de empreitada em 1926, ao Sr. Júlio da Cunha Martins e enquanto as obras deste chafariz estavam a decorrer, era da mina do Curral Velho, pertencente à família Quadros, que vinha a água que servia a população de Brasfemes. Na década de 30, no início do Estado Novo, decidiu-se pela construção do actual fontanário de características mais modernas. Na década de 60, a água que servia este fontanário passou a ser fornecida pelos Serviços Municipalizados de Coimbra, o que se mantém até aos dias de hoje.

Hoje já ninguém percorre as ruas de Brasfemes de cântaro à cabeço para levar água potável para casa, mas este fontanário continua a ser utilizado nos dias dos festejos no Largo Marcelino Ivo de Vasconcelos, continua como local de encontro das pessoas, local de encontro para a caminha que algumas pessoas preconizam todos os dias, para tirar a sede da criançada que brinca neste espaço e continua a ser testemunha de algum namorico que ali começa a nascer.