domingo, 9 de agosto de 2009

Filho de um ‘Deus Menor’?

Como os anos passam e trazem-nos à memória o tempo passado. Fez no dia 18 de Junho de 2009, 42 anos que iniciei a minha carreira como trabalhador por conta de outrem, num escritório de Advogado na Rua da Sofia, em Coimbra.

Estive lá 2 meses porque o advogado que foi passar férias a Espanha, morreu ao que se dizia na altura ‘de repente’, após ter feito a 4.ª classe e os exames de admissão ao Liceu Nacional D. João III e à Escola Brotero, uns tempos antes.


Era filho de uma família humilde com dois filhos, sou o filho mais velho e naquela altura o que nos esperava era tentar fazer a 4.ª classe porque o nosso destino estava traçado.


Para agravar mais o quadro o meu progenitor, na sequência de um acidente de bicicleta, perdeu a vida no mesmo dia em que o meu irmão completava 2 anos de existência. Aliás, foi precisamente para receber o dinheiro de uma obra adjudicada, que se encaminhou para a morte.

Nessa altura pouco valia ser-se inteligente. Se fosse filho de gente pobre, sabia que tinha as fábricas ou oficinas à minha espera e ganhava 10 tostões por dia.

Dinheiro esse que somado da minha mãe que trabalhava no regime de doméstica em casas particulares, ajudava o equilíbrio quinzenal. Nessa altura recebia-se à quinzena.

Era um aluno média alta, mas como referi atrás as condições económicas não davam mais esperanças.

Sempre entendi que por detrás de uma fatalidade há sempre a extrair algo positivo.

Cheguei à conclusão que estar a ‘carpir mágoas’ não adianta nada e acaba por nos desgastar.

Até porque, mesmo que estejamos muito mal, há sempre alguém que pode estar pior...

sábado, 8 de agosto de 2009

MARCHA POPULAR DE BRASFEMES 2009 - PARTE 2

Os músicos na Figueira da Foz
Aqui fica uma sentida homenagem aos que vão resistindo para que as Marchas todos os anos 'saiam à rua':

"MÃOS QUE AFAGAM A PEDRA": é com este tema que a Marcha Popular de Brasfemes sai à rua este ano, marcando uma homenagem às lavadeiras e aos canteiros que em outros tempos exerciam esta actividade nesta nossa freguesia.

Esta ideia tem como génese o nosso propósito de preservar o nosso património cultural e edificado. Esta ideia de ser preservado o património deve-se constituir numa causa e para que essa ideia se propague, é essencial que todos nós empreendamos de alguma maneira a sua defesa e divulgação.

Os nossos canteiros quando construíram algum do património que adornam os nossos arcos, dificilmente imaginariam que, mais tarde, este seria alvo de interesse.
Dificilmente lhes ocorreria que estes valores do património edificado teriam um dia um valor universal.
Podemos imaginar o sofrimento das suas mãos que cinzelavam a pedra arrancada das entranhas da Serra do Ilhastro, talvez chorando a sua sensibilidade, sonhando até que a sua arte iria estar em todos os cantos e recantos da sua e de outras freguesias, arte que iria ser e fazer o orgulho do seu povo, testemunhar a nobreza da sua história e serem um símbolo das suas venturas e desventuras.
As lavadeiras, mulheres que lavavam “para fora” em pedras modeladas pelo afinco e uso constante, trabalhando com limpeza para si e para as suas freguesas, sempre deram um contributo importante para o sustento das suas famílias.
Essas mulheres deste nosso povo que se deslocavam para lavar em cursos de água de margens de piso irregular, onde não havia joelhos que resistissem, enquanto lavavam, batendo roupa, faziam “o jornal” da terra e cantavam a vida, muitas vezes ao desafio.
A roupa lavada com sabão de barra, partido aos bocadinhos, lautamente enxaguada nas límpidas águas do rio, torcida e retorcida e estendida sobre as ervas das suas margens para corar, acto a que muita gente recorria na época, secava ao ar livre, se o tempo o permitia.
Compete-nos a nós, Brasfemenses, saber transmitir a História de quem lutou, desbravou, talhou com as suas mãos rudes, objectos e valores de uma dimensão que hoje nos deslumbra e emociona.

Património que nos transmite a identidade daquilo que realmente somos.

MARCHA POPULAR DE BRASFEMES 2009 - A NOSSA MARCHA É... LINDA!

Depois de brilhantes desempenhos na Corujeira, em Brasfemes, Souselas, Santo António dos Olivais, Vila Verde, Figueira da Foz, mais uma sensacional actuação da Marcha Popular de Brasfemes nas Festas de ANSIÃO (para muitos foi considerada a melhor actuação das 13 realizadas).

Basta dizer que no final a Marcha Popular de Brasfemes proporcionou a uma enorme assistência presente, a dança tradicional de Coimbra e arredores alusiva aos Santos Populares 'AS FOGUEIRAS', que era praticamente desconhecida numa localidade tão próxima.

Muitos parabens a todos que participaram neste evento de cariz popular: marchantes, músicos, ensaiador e demais elementos desta vasta equipa de cerca de 60 pessoas.

Já está no pensamento de todos um sentimento de nostalgia e saudade, pelos brilhantes e irrepetíveis momentos vividos.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

TRIBUTO AOS BOMBEIROS DE BRASFEMES

É lindo verificar que ainda existem pessoas que reconhecem o trabalho dos outros, trabalho esse feito com dedicação e profissionalismo.
É por isso que deixo aqui uma transcrição do Diário de Coimbra em que uma mãe deixa um tributo à competência dos Bombeiros Voluntários de Brasfemes.


Faz hoje um ano que Cláudio Fernandes e José Palrinhas, dos Voluntários de Brasfemes, se transformaram nos “anjos da guarda” do pequeno Ruben.
Hoje é um bebé calminho. Só a fome ou o sono é que o transformam um pouco.
Mas, de resto, quem olha para o Ruben nem desconfia que, há precisamente um ano, a pressa para nascer transformou uma pacata tarde do primeiro dia de Agosto, num momento mágico e inesquecível para os dois bombeiros voluntários de Brasfemes que, chamados para uma emergência, tiveram de fazer de parteiros, numa sombra, debaixo do viaduto do IC-2, nos Fornos. «Foi como se tivesse visto Deus a cair do céu», desabafa ao Diário de Coimbra Ana Carvalho, de 33 anos, mãe do Ruben que, no dia em que o pequeno comemora o primeiro ano de vida, faz questão de prestar homenagem a Cláudio Fernandes, bombeiro de 2.ª; e José Palrinhas, bombeiro de 3.ª, os dois homens que, cumprindo mais do que sua função, «tiveram a coragem de me salvar a vida e a do meu filho», garante.
A história começa como tantas outras de tantos outros partos. O Ruben já às 25 semanas de gestação tinha mostrado vontade de conhecer o mundo cá fora. Mas ainda era muito cedo… Ainda se aguentou até às 39 semanas, mas depois já não se aguentou mais. Andava Ana Baptista no quintal de casa da mãe quando lhe rebentaram as águas. Só teve tempo de tomar um banho e fazer-se ao caminho, pensava ela, de Barcouço até à Maternidade Daniel de Matos.
Puro engano. À pressa do Ruben juntaram-se os vermelhos em todos os semáforos por onde passaram. De tal maneira que, chegados à zona dos Fornos, Ana Baptista não aguentou mais com tantas dores e obrigou o marido a ligar para o 112 para pedir uma ambulância que viesse em seu auxílio. «Devem ter demorado cinco ou dez minutos, mas para mim foi um ano», recorda, confessando que a chegada dos dois bombeiros foi «o verdadeiro alívio». Surpresa «Só posso agradecer, do fundo do coração, o que fizeram por mim», faz questão de sublinhar Ana Baptista.
Um dos bombeiros, mais experiente (já terá assistido a três partos), vestiu a bata esterilizada, calçou as luvas e fez o parto. O outro, novato nestas coisas, não teve uma função menos importante. «Esteve sempre ao meu lado, a dar-me forças», conta. Dois «anjos» para uma mãe que só queria ver o rosto do filho e saber que estava bem.
O Ruben nem sequer precisou de esperar pela equipa do INEM, que chegou pouco tempo depois. Passavam 12 minutos das três da tarde quando nasceu, tinha quase três quilos e meio. Sem problemas de maior, para alívio da mãe e dos dois bombeiros que, certamente, nunca mais vão esquecer aquela tarde de «calor abrasador» e aqueles (longos) minutos debaixo do viaduto do IC-2.
O Ruben foi esta semana com a mãe ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Brasfemes para conhecer os seus “anjos da guarda”, mas apenas “conversou” com um deles, porque o outro estava de serviço, em Cernache.
Seja como for, ficou o convite para voltar sempre e até para, quando for grande, experimentar ser bombeiro. Até pode ser que venha, também ele, ajudar a trazer mais um bebé ao mundo. Seja como for, vai estar para sempre ligado aos soldados da paz.
Hoje é dia de festa em casa do Ruben.
De certeza que vai brincar muito com o irmão, o Rodrigo, de dez anos, que vai apagar uma velinha e até comer aquele “geladito” que ele tanto adora, mas também não se vai esquecer dos dois bombeiros que, afinal, foram os primeiros a vê-lo nascer.
Pormenores não são para contar, mas é certo que Cláudio Fernandes e José Palrinhas «vão ter uma surpresa», adianta a mãe, sem querer dizer mais.