domingo, 14 de agosto de 2011

O MEU SUPER HEROI - Fernando Monteiro (Bombeiro de Brasfemes)


Foi no dia 18 de Agosto de 1991. Dia de calor tórrido. Ignições imensas. Condições de trabalho, poucas.
Já passaram vinte anos desde que nos deixou. Tinha 30 anos de idade.
Nasceu de uma família extremamente humilde, numa aldeia do interior da Beira Alta, no concelho de Oliveira do Hospital.
A sua infância foi muito dura, difícil e incompreendida.
Perdeu o pai no dia em que completou 2 anos de vida, no dealbar dos anos 60.
Foi criado pelos avós.
Numa época em que não havia nada e em que todas as nossas 'riquezas' eram encaminhadas para a guerra colonial - também ela injusta - teve que comer o pão que o diabo amassou.
Para frequentar a escola tinha que calcorrear diariamente mais de 10 quilómetros a pé, quer fizesse sol quer nevasse. A Serra da Estrela e suas condições adversas, não lhe davam espaço de manobra.
Transportes escolares não havia, como não existiam outras condições que hoje são consideradas normais.
Mais tarde integrado no ambiente familiar mais directo, via-se que não era um jovem feliz.
Ingressou nos Bombeiros Voluntários de Brasfemes em 15/11/1981, espaço em que se sentia útil.
Fez a Escola de Aspirantes. Passou ao Quadro Activo, como Bombeiro de 3ª Classe em 26/07/1982.
Porque adorava os Bombeiros foi progredindo e chegou a Bombeiro de 2ª Classe em 12/04/1989.
Era trabalhador da construção civil.
Era humilde, generoso e amigo do seu amigo.
Vivia para o trabalho e para os Bombeiros Voluntários de Brasfemes.
Ao mais pequeno sinal de alerta da Sirene, ei-lo nos Bombeiros, sempre à primeira saída.
Nas suas horas vagas, era nos Bombeiros que o podiam encontrar, naquele Quartel sem o mínimo de condições, mas que aprendemos a amar e que ainda hoje é uma referência para todos nós.
Eu que passei por várias colectividades de Brasfemes via nele um exemplo de altruísmo, de dedicação e de amor a uma Causa.
Foi Ele que me incentivou a ingressar nos Bombeiros.
Foi com Ele que aprendi a valorizar estas mulheres e homens que tudo dão, incluindo a sua vida, em troca de uma simples medalha.
Foi com Ele que aprendi que gente humilde pode fazer milagres: salvar vidas e haveres.
Foi com Ele que aprendi a dar valor à generosidade e ao desprendimento dos valores materiais.
É por Ele e por outros Amigos, que já não se encontram comigo, que ainda estou nos Bombeiros, pois sei que, onde Eles estiverem, sentirão orgulho do que estamos a construir em Brasfemes.
Em 72 anos de História escrita a Letras de Ouro o Fernando foi o único mártir (herói) que tombou em Missão.
Pelos anos que possa viver, não posso esquecer o incêndio que heróica e valorosamente combateste em Antanhol (Coimbra).
Foi a Tua última batalha, de muitos combates que travaste.
Saíste sempre vitorioso, menos neste.
Uma curva traiçoeira, quando Te preparavas para fazer o rescaldo deixou-te prostrado no asfalto, numa altura em que as viaturas de incêndio não dispunham de cabine dupla.
Eu, como 2º. Comandante, nesse fatídico dia não pôde fazer nada por Ti.
Partiste cedo de mais.
Não chegaste a conhecer a Tua filha, que nasceu 7 meses depois da Tua partida e que, por certo, gostarias e que Te encheria de orgulho.
Apesar de teres alguns Amigos, hoje poucos se lembram de Ti. Não podemos esquecer que já se passaram 20 anos. Parece que foi ontem.
Mensagens de pesar do Poder Central e Local que ainda guardo, com 'imensas' promessas para, no dia seguinte, se desvanecerem e Te esquecerem.
Tenho a ideia que um dia vais ter a justa Homenagem que a Tua dedicação e Amor aos Bombeiros de Brasfemes é merecedora.
Vou confessar-Te um segredo que guardo no meu íntimo: quando dizem que um Homem não chora, isso é falso.
Até um dia destes e até lá, recebe um beijo do Teu irmão
Acácio Monteiro


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

VOLTEI

Depois de um período de hibernação, estou de volta para passar algo do que vai cá por dentro, para este espaço que criei.

Não nos podemos esquecer de que a vida é feita de 'altos e baixos'.