segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Direito à indignação


Última viagem do comboio do Ramal da Lousã

Como preâmbulo quero fazer uma declaração de interesses: nem sou do Partido que lidera os destinos deste País, nem nunca fui frequentador assíduo do comboio que serve as populações de Coimbra a Serpins, Miranda do Corvo e Lousã.

O que me trás aqui é, fundamentalmente, o mal que se está a fazer aquelas gentes.

Sou solidário.

Estive na primeira linha da luta contra a co-incineração pela Cimpor em Souselas.

Enquanto cidadão atento aos problemas que afectam os mais pobres, desprotegidos e desvalidos da sorte, vou a manifestações e insurjo-me contra os que tendo tudo, não ousam distribuir um pouco pelos infortunados.

Mas hoje esta de ser solidário com os mais pobres parece ser um lugar comum.

Até o Presidente da República que recebe 3 chorudas reformas, está solidário com os pobres, ele que é o político (apesar de não o querer ser!) há mais tempo em actividade - actividade decisória.

Ele que diz à boca cheia que temos que nos virar para o mar, quando, foi ele, enquanto Primeiro Ministro, que destruiu a frota pesqueira portuguesa, com os espanhóis a esfregarem as mãos de contentes.

Então hoje quero solidarizar-me com os cidadãos do Ramal da Lousã, que viram destruidas as linhas de caminho de ferro com mais de 100 anos de existência. O primeiro comboio circulou em 1906...

Os comboios da Lousã foram, agora, transformados em autocarros, para amanhã desaparecerem do mapa.
E parece que ninguém é responsável por este ATENTADO DE LESA PATRIMÓNIO.

Todos falam, como se a culpa fosse dos outros.

Nas prisões, estou certo, ainda há lugar para mais uns quantos.

Pobre País que tão reles animais criou...

 Adeus... até um dia