quinta-feira, 6 de agosto de 2009

TRIBUTO AOS BOMBEIROS DE BRASFEMES

É lindo verificar que ainda existem pessoas que reconhecem o trabalho dos outros, trabalho esse feito com dedicação e profissionalismo.
É por isso que deixo aqui uma transcrição do Diário de Coimbra em que uma mãe deixa um tributo à competência dos Bombeiros Voluntários de Brasfemes.


Faz hoje um ano que Cláudio Fernandes e José Palrinhas, dos Voluntários de Brasfemes, se transformaram nos “anjos da guarda” do pequeno Ruben.
Hoje é um bebé calminho. Só a fome ou o sono é que o transformam um pouco.
Mas, de resto, quem olha para o Ruben nem desconfia que, há precisamente um ano, a pressa para nascer transformou uma pacata tarde do primeiro dia de Agosto, num momento mágico e inesquecível para os dois bombeiros voluntários de Brasfemes que, chamados para uma emergência, tiveram de fazer de parteiros, numa sombra, debaixo do viaduto do IC-2, nos Fornos. «Foi como se tivesse visto Deus a cair do céu», desabafa ao Diário de Coimbra Ana Carvalho, de 33 anos, mãe do Ruben que, no dia em que o pequeno comemora o primeiro ano de vida, faz questão de prestar homenagem a Cláudio Fernandes, bombeiro de 2.ª; e José Palrinhas, bombeiro de 3.ª, os dois homens que, cumprindo mais do que sua função, «tiveram a coragem de me salvar a vida e a do meu filho», garante.
A história começa como tantas outras de tantos outros partos. O Ruben já às 25 semanas de gestação tinha mostrado vontade de conhecer o mundo cá fora. Mas ainda era muito cedo… Ainda se aguentou até às 39 semanas, mas depois já não se aguentou mais. Andava Ana Baptista no quintal de casa da mãe quando lhe rebentaram as águas. Só teve tempo de tomar um banho e fazer-se ao caminho, pensava ela, de Barcouço até à Maternidade Daniel de Matos.
Puro engano. À pressa do Ruben juntaram-se os vermelhos em todos os semáforos por onde passaram. De tal maneira que, chegados à zona dos Fornos, Ana Baptista não aguentou mais com tantas dores e obrigou o marido a ligar para o 112 para pedir uma ambulância que viesse em seu auxílio. «Devem ter demorado cinco ou dez minutos, mas para mim foi um ano», recorda, confessando que a chegada dos dois bombeiros foi «o verdadeiro alívio». Surpresa «Só posso agradecer, do fundo do coração, o que fizeram por mim», faz questão de sublinhar Ana Baptista.
Um dos bombeiros, mais experiente (já terá assistido a três partos), vestiu a bata esterilizada, calçou as luvas e fez o parto. O outro, novato nestas coisas, não teve uma função menos importante. «Esteve sempre ao meu lado, a dar-me forças», conta. Dois «anjos» para uma mãe que só queria ver o rosto do filho e saber que estava bem.
O Ruben nem sequer precisou de esperar pela equipa do INEM, que chegou pouco tempo depois. Passavam 12 minutos das três da tarde quando nasceu, tinha quase três quilos e meio. Sem problemas de maior, para alívio da mãe e dos dois bombeiros que, certamente, nunca mais vão esquecer aquela tarde de «calor abrasador» e aqueles (longos) minutos debaixo do viaduto do IC-2.
O Ruben foi esta semana com a mãe ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Brasfemes para conhecer os seus “anjos da guarda”, mas apenas “conversou” com um deles, porque o outro estava de serviço, em Cernache.
Seja como for, ficou o convite para voltar sempre e até para, quando for grande, experimentar ser bombeiro. Até pode ser que venha, também ele, ajudar a trazer mais um bebé ao mundo. Seja como for, vai estar para sempre ligado aos soldados da paz.
Hoje é dia de festa em casa do Ruben.
De certeza que vai brincar muito com o irmão, o Rodrigo, de dez anos, que vai apagar uma velinha e até comer aquele “geladito” que ele tanto adora, mas também não se vai esquecer dos dois bombeiros que, afinal, foram os primeiros a vê-lo nascer.
Pormenores não são para contar, mas é certo que Cláudio Fernandes e José Palrinhas «vão ter uma surpresa», adianta a mãe, sem querer dizer mais.