sábado, 8 de agosto de 2009

MARCHA POPULAR DE BRASFEMES 2009 - PARTE 2

Os músicos na Figueira da Foz
Aqui fica uma sentida homenagem aos que vão resistindo para que as Marchas todos os anos 'saiam à rua':

"MÃOS QUE AFAGAM A PEDRA": é com este tema que a Marcha Popular de Brasfemes sai à rua este ano, marcando uma homenagem às lavadeiras e aos canteiros que em outros tempos exerciam esta actividade nesta nossa freguesia.

Esta ideia tem como génese o nosso propósito de preservar o nosso património cultural e edificado. Esta ideia de ser preservado o património deve-se constituir numa causa e para que essa ideia se propague, é essencial que todos nós empreendamos de alguma maneira a sua defesa e divulgação.

Os nossos canteiros quando construíram algum do património que adornam os nossos arcos, dificilmente imaginariam que, mais tarde, este seria alvo de interesse.
Dificilmente lhes ocorreria que estes valores do património edificado teriam um dia um valor universal.
Podemos imaginar o sofrimento das suas mãos que cinzelavam a pedra arrancada das entranhas da Serra do Ilhastro, talvez chorando a sua sensibilidade, sonhando até que a sua arte iria estar em todos os cantos e recantos da sua e de outras freguesias, arte que iria ser e fazer o orgulho do seu povo, testemunhar a nobreza da sua história e serem um símbolo das suas venturas e desventuras.
As lavadeiras, mulheres que lavavam “para fora” em pedras modeladas pelo afinco e uso constante, trabalhando com limpeza para si e para as suas freguesas, sempre deram um contributo importante para o sustento das suas famílias.
Essas mulheres deste nosso povo que se deslocavam para lavar em cursos de água de margens de piso irregular, onde não havia joelhos que resistissem, enquanto lavavam, batendo roupa, faziam “o jornal” da terra e cantavam a vida, muitas vezes ao desafio.
A roupa lavada com sabão de barra, partido aos bocadinhos, lautamente enxaguada nas límpidas águas do rio, torcida e retorcida e estendida sobre as ervas das suas margens para corar, acto a que muita gente recorria na época, secava ao ar livre, se o tempo o permitia.
Compete-nos a nós, Brasfemenses, saber transmitir a História de quem lutou, desbravou, talhou com as suas mãos rudes, objectos e valores de uma dimensão que hoje nos deslumbra e emociona.

Património que nos transmite a identidade daquilo que realmente somos.